(resposta à pergunta lançada pelo Miguel Carvalho no seu blog "A Devida Comédia")
Já repararam que os “bons velhos tempos” foram sempre no antigamente? Ou seja, nunca existiram. Foram sempre uma história que nos contaram, que contamos a nós próprios e aos outros. O passado é outro país. E o futuro também.
Os amanhãs que cantam são outra ficção: os futuros risonhos apenas existem na nossa imaginação, individual ou colectiva, uma forma alternativa (à religião) de suportarmos a vida quotidiana, a perspectiva incontornável da velhice e da morte. Dizia Moravia que o desespero é a condição natural do ser humano. Acreditar em Deus ou em futuros risonhos é das poucas maneiras de ultrapassarmos o desespero.
Cada um acredita no que quer. E vai continuar a haver quem acredite em Deus e quem acredite em futuros, como antigamente. Para que a viver continue a ser viável. E porque, afinal de contas, o futuro até pode mesmo ser melhor. E porque, na verdade, Deus até pode existir.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
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3 comentários:
Amigo Coelho,
Pelo teor do texto tenho que te levar à Cervejaria com urgência, nm futuro próximo, para bebermos uns valentes copos...como antigamente.
Abraços Triplos
Alex, Dalila et Moi
Hi Johnny,
Are u finally advancing to a kind of Adorno-level (always right and subconsequently not funny)? To my eyes, there is a bit more of the utopian moment (besides God)... deriving and shining from our very own (constructed) memory of each our childhood, glimming into the here-and-now. And what about the only true consequence of your words? If the Past and Future fall into suspicious categories such as (ideologically spiced) inventions and unenlightened consolations, how about Living the Presence? Carpe Diem, and yes, some drinking sounds great;-). Cheers, my dear!
Amigos, venham esses copos, mas no worries: não acredito em bons velhos tempos, amanhãs que cantam, futuros utópicos de nenhum género, mas acredito no meu futuro, sempre com aqueles que amo.
Abraços e beijos, João
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